O Coletivo Negração vem por meio deste
manifestar-se acerca dos casos de racismo que vem ocorrendo nas dependências da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Durante algum tempo recebemos
denúncias de racismo dentro da Universidade envolvendo toda comunidade
universitária: PROFESSORES, alunos, servidores e trabalhadores terceirizados.
O racismo institucional está de fato, instituído na Universidade e está
expresso em inúmeras medidas, como por exemplo, o ingresso de um número
significativo de estudantes cotistas no segundo semestre. Esta regra segrega,
expõe e prejudica estudantes negros e negras ingressantes da reserva de vagas.
Segrega a medida em que as turmas das primeiras disciplinas dos cursos, que são
oferecidas no segundo semestre, conta com um contingente expressivo de
estudantes negros em sala de aula. Prejudica a medida em que o tratamento de
professores, técnicos administrativos e colegas em relação aos cotistas, é
diferenciado e muitas vezes de cunho discriminatório. A restrição dos espaços
de integração e confraternização dos estudantes, também mostra-se como uma
medida segregacionista, os espaços da Universidade são para ser utilizados,
toda e qualquer manifestação de história e cultura afro-brasileira não deve ser
tolhida e sim incentivada pela instituição. A resolução 19/2011, implementada
sem nenhuma discussão com a comunidade acadêmica ataca diretamente estudantes
trabalhadores, que em geral são cotistas, muitos deles pobres, negros e mães.
Com
base nesses fatos e denúncias, nos levantamos em uma CAMPANHA CONTRA O RACISMO,
sendo ele fora ou dentro desta universidade. Casos ocorridos como na Escola de
Enfermagem que envolve a perseguição e ofensa a alunas negras e cotistas, não
serão tolerados e os envolvidos e envolvidas terão seus nomes divulgados, bem
como devidas medidas jurídicas também serão tomadas. O racismo se constitui
como um crime inafiançável e imprescritível, previsto na Lei 7.716/1989, de
modo que buscaremos todas as medidas cabíveis para que os responsáveis sejam
devidamente punidos. Além disso, cobramos por parte da Administração da UFRGS,
um posicionamento perante os acontecimentos anteriormente citados.
Na Universidade Federal do Paraná
(UFPR), duas estudantes negras foram chamadas de “macaquinhas” por uma professora
em sala de aula. A docente foi condenada por injúria racial e a UFPR não se
pronunciou, tampouco interviu no processo, sendo o caso relatado pela própria
estudante. Posturas como estas NÃO serão toleradas. Jamais esqueceremos que, o
ano de 2007, no processo de implementação do Programa de Ações Afirmativas foi
esta universidade que teve um de seus muros pichados com os dizeres racistas:
“lugar de negro é na cozinha do RU”. O Coletivo Negração afirma: o lugar
de negros e negras é sim na cozinha do RU, nas salas de aulas, nos
laboratórios, salas dos professores, limpeza de corredores, e onde mais
quisermos. Cabe ressaltar que os funcionários terceirizados da UFRGS em sua
maioria são negros e negras, tem menor remuneração e sofrem diariamente com a falta
de pagamentos, não sendo garantido seu direito mínimo.
Estudantes negros e negras ao ingressar
nesta universidade veem o início da realização de um sonho e perpetuação de uma
luta. Não admitiremos que episódios de desistência e abandono de nossos colegas,
sejam causados pela descriminação sofrida na Universidade. O Coletivo Negração
é formado em sua maioria por estudantes cotistas, e por isso com muita
propriedade afirmamos que, NÃO NOS CALAREMOS perante qualquer ato de
discriminação racial ou qualquer tipo de preconceito, que seja de nossa
ciência. Também somos parte da “excelência acadêmica” e continuaremos na luta
por tratamento igual, pelo direito de permanência, valorização e RESPEITO às
nossas raízes.
Coletivo Negração
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